14/10/2014
De acordo com uma pesquisa da empresa de serviços profissionais Towers Watson, os índices de produtividade diminuem significativamente quando os funcionários vivenciam na empresa altos níveis de estresse e desmotivação. A pesquisa mostra que, dos funcionários que alegavam estar passando por altos níveis de estresse, mais da metade (57%) também relataram que estavam desmotivados e que rendiam menos do que poderiam.
Rebekah Haymes, consultora sênior e especialista em bem-estar, disse: “A pesquisa mostra claramente a relação destrutiva entre altos níveis de estresse e desmotivação com redução da produtividade. Um terço dos entrevistados disseram que são frequentemente incomodados com o excesso de pressão no seu trabalho e isso pode levar a instâncias superiores de desengajamento e absenteísmo – indicadores claros de baixa produtividade no local de trabalho”.
Segundo a pesquisa, os níveis de absenteísmo também são fortemente influenciados pelo estresse e a desmotivação de funcionários, uma média de 4,6 dias de doença por ano contra 2,6 dias para colaboradores motivados e com baixa tensão. Além disso, o presenteísmo (presença física e ausência mental) foi 50% maior para os trabalhadores altamente estressados e desmotivados, com uma média de 16 dias por ano contra cerca de 10 dias para os trabalhadores com níveis naturais de estresse e motivação.
“Entre o absenteísmo e o presenteísmo, o primeiro é muito mais fácil de ser notado. Os profissionais de recursos humanos se preocupam mais com ele porque conseguem contar quantas vezes um funcionário faltou no mês”, explica o médico do trabalho Rogério Muniz de Andrade.
Porém, segundo o especialista, “quem pratica o presenteísmo costuma ser muito mais prejudicial à empresa, pois pode trabalhar um dia inteiro e não produzir nada.” Responsável pelo ambulatório de saúde ocupacional do Hospital das Clínicas, em São Paulo, Andrade considera que insistir em trabalhar nessas condições pode agravar os problemas de saúde e até gerar depressão leve.
Além de causar consequências negativas à saúde, o presenteísmo prejudica as finanças de funcionários e empresas. É o que mostra um estudo dirigido por um grupo de institutos americanos publicado recentemente no Journal of Occupational and Environmental Medicine. Os especialistas responsáveis pelo estudo examinaram os efeitos do presenteísmo nas corporações e descobriram que, quando os empregados trabalham com estado de saúde abaixo do normal, costumam ser mais onerosos que indivíduos que faltam ao trabalho (absenteísmo).
Atualmente presenciamos uma grande mudança no mundo dos negócios, onde a importância do capital humano no desempenho e no sucesso das organizações está se tornando cada vez maior. Os tradicionais fatores de produção – natureza, capital e trabalho obreiro – já são quase que obsoletas.
Empresas modernas devem ter estratégias para motivar os colaboradores, como oferecer cursos e treinamentos e realizar campanhas de incentivo, e também para aliviar o estresse no trabalho, como regras menos rígidas e ambientes favoráveis.
Além disso, segundo Rebekah Haymes, as empresas poderiam também assumir mais responsabilidade por educar funcionários sobre os benefícios de um melhor sono, atividade física, boa alimentação e um equilíbrio entre vida profissional e pessoal, a fim de mantê-los saudáveis, felizes e produtivos. Algumas empresas estão fazendo um grande progresso nesta área e já estão começando a ver os benefícios do negócio de ter uma força de trabalho saudável.