26/02/2014
Pesquisa mostra que salários mais elevados não produzem maior lealdade.
Países com maior crescimento do PIB também tendem a ter níveis mais elevados de atrito entre colaboradores e organizações, de acordo com estudo das economias europeias elaborado pela Towers Watson.
O relatório “The General Industry Compensation Survey Report” mostra que em países com elevado crescimento do salário real (ou seja, aumento salarial descontado a inflação) existe certa “cultura”, a de usar o salário como forma de garantir níveis mais elevados de retenção de colaboradores. A pesquisa revela que as organizações precisam ter uma visão mais ampla da experiência do colaborador dentro delas, além do salário, para que possam reter colaboradores talentosos em um mercado competitivo.
Na Europa Ocidental, no ano passado, os maiores níveis de atrito entre colaboradores e organizações, ou seja, a porcentagem de força de trabalho de nível profissional de uma empresa que voluntariamente deixaram essa organização, expressa em porcentagem do número total de colaboradores das organizações, ocorreram na Suíça, Reino Unido e Suécia. Esses países também apresentaram as mais altas taxas de crescimento do PIB da região nesse período, entre 0,8% e 1,9%, revelando uma correlação entre crescimento do PIB e este tipo de “atrito”. Por outro lado, países como a Espanha, Portugal e Itália, que sofreram um declínio nos níveis do PIB em 2013, também apresentaram os menores níveis de atrito na Europa Ocidental. Estas tendências também foram observadas em outras regiões, como a Europa Central e Oriental, Oriente Médio e África, onde a maioria dos países com elevado crescimento do PIB também registraram altos níveis de atrito.
Carole Hathaway, diretora de Recompensas da Towers Watson, disse: “É muito comum ver pessoas trocando de emprego com mais frequência em países com condições econômicas saudáveis porque há uma maior probabilidade de haverem novos empregos disponíveis nesses lugares e as pessoas têm mais confiança quando se deslocam entre os postos de trabalho. As condições econômicas de um país podem criar tanto um mercado com muitos postos de trabalho e um pool de talentos limitados, ou um mercado com menos oportunidades de trabalho e muita concorrência para cada função. Este último cenário tende a ocorrer em países com condições econômicas mais difíceis e, como resultado, os trabalhadores tendem a serem mais conservadores se mantendo nos postos de trabalho que ocupam, caso estejam empregados”.
Por outro lado, não houve correlação encontrada entre este atrito e o aumento do salário real em toda a região. Por exemplo, países como o Reino Unido, Holanda e Espanha, experimentaram um baixo crescimento dos salários, mas tiveram níveis muito diferentes de atrito. Da mesma forma Suíça, Suécia, Itália e Portugal tiveram um crescimento salarial relativamente alto, mas tinham níveis muito diferentes de atrito em comparação com o percentual total de trabalhadores ativos.
Nesse ponto Hathaway conclui: “A retenção de talentos não é uma questão clara, a remuneração é apenas um dos muitos fatores que podem afetá-la. Se os colaboradores sentem que são mal remunerados, muitos vão procurar outras oportunidades. Mas o contrário não parece ser verdade. As empresas que pagam salários elevados não podem necessariamente “contar” com a lealdade do empregado. A cultura da empresa, boa comunicação, liderança sensível, as oportunidades de desenvolvimento de carreira e uma compreensão clara da missão e os valores dentro de uma organização, são fatores fundamentais e que contribuem para o sucesso, ou não, na retenção de colaboradores”.